("Through the Looking Glass"; imagem de Jenny Marie, no deviantART. Todos os direitos reservados)
Por vezes gostava que algumas coisas fossem mais fáceis. Mas para o serem, era necessário que eu não fosse eu. Que eu fosse diferente, outra pessoa qualquer. Como se me visse do outro lado de um espelho, onde tudo fosse também diferente.
("Walking"; fotografia de lova_03, no photobucket. Todos os direitos reservados)
A verdade é que toda a companhia do mundo, todos os amigos, todas as relações que possamos ter, não impedem que acabemos por caminhar na mais completa solidão. É assim que deve ser: ao nosso próprio ritmo, no nosso próprio espaço. Passo a passo, procurando as certezas que não temos.
("Broadway"; fotografia de Timothy Neesam, no flickr. Todos os direitos reservados)
A verdade é que ninguém actua num palco perante um auditório vazio.
("Summer Sun - Blue Sky"; fotografia por Tobi, no flickr. Todos os direitos reservados)
Em dias assim, a única coisa que importa é a sombra.
(Fotografia de autor desconhecido)
É bom, não é? Quando tudo se torna numa memória apenas, daquelas que, sendo recentes, nos parecem tão distantes. Como se pertencessem a outra vida, passada talvez, ou mesmo outra que não a nossa. Quando somos capazes de tornar a viver outra vez, quando os nossos sentidos finalmente despertam de uma letargia que é sempre demasiado longa.
(Fotografia de autor desconhecido)
A estação seca não tem forçosamente de ser o Verão. Desta vez começou no Verão, é certo, mas pode muito bem ir até ao Inverno, ou mesmo para além dele. É apenas seca, árida, por vezes escaldante, por vezes gélida. Com vento, regular e forte, a soprar de direcções imprevisíveis. Sempre seco, desolado. A trazer com ele nuvens, e elas, a tão cobiçada chuva, que não chegará a cair. É pena. Gosto tanto do cheiro da terra molhada.
(Fotograma de An Education (2009), filme de Lone Scherfig)
Há coisas que apenas compreendemos mais tarde - ou tarde de mais, como preferires. Hoje falas da insegurança, e do quão perigosa ela é. Teria sido excelente que tivesses aprendido essa lição a tempo de ser possível fazer algo por nós. Como isso não aconteceu, resta-me desejar que da próxima acertes.
(Fotograma de Lost in Translation (2003), filme de Sophia Coppola)
Doravante, o silêncio. Entre nós, as palavras tornaram-se irrelevantes, superficiais, fúteis.
(Fotograma de Matrix (1999), filme de Larry e Andy Wachowsky)
As tecnologias que hoje em dia utilizamos para comunicar (messenger, blogues, twitter, facebook) prometem muito, mas, feitas as contas, acabam por ter apenas dois grandes propósitos: por um lado, ver o que se passa com quem costumava estar próximo de nós, e passou a estar distante por ressentimento; por outro, serve para as pessoas que se afastaram, ressentidas, passarem mensagens pretensamente subliminares e muito pouco subtis (na internet não há entrelinhas, convém ter isso presente). Nenhum dos propósitos é inocente: o primeiro revela uma tendência vagamente obsessiva que desde o telemóvel tem vindo a ganhar força; o segundo revela um sentimento muito mesquinho, um fútil desejo de mostrar à outra pessoa que afinal estamos bem, que não precisamos dela, que já passou tudo, que a vida sorri e o sol brilha. Ambos os propósitos são um ruído silencioso que servem apenas para nos iludirmos e para alimentarmos os nossos pequenos egos a comida rápida. Dou por mim a desejar: alguém nos desligue por um bocadinho.